O ano de 2020 chegou com a notícia de uma pandemia que mudou a rotina de milhares de pessoas em todo o mundo. Os idosos, por serem do grupo de risco, se tornaram as principais vítimas da doença.
Uma das formas de conter o avanço do novo coronavírus, responsável por causar a doença Covid-19, é o isolamento social, justamente por estarmos falando de uma doença altamente contagiosa. Para isso, crianças deixaram de ir às escolas, o turismo teve uma grande queda e pessoas do grupo de risco, como aquelas que têm mais de 60 anos, tiveram que redobrar os cuidados com a saúde. É considerado idoso aquele que tem 60 anos ou mais, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, o número de pessoas nessa faixa etária chega a 13% da população brasileira, com mais de 28 milhões de indivíduos. Uma pesquisa feita pelo IBGE em 2018, a Projeção da População, aponta que esse quantitativo pode dobrar nas próximas décadas. Entretanto, o isolamento também traz muitos “efeitos colaterais”, tanto para os idosos que precisam de cuidados e os recebem de seus familiares, como para os que têm cuidadores profissionais; para os que vivem com suas famílias, sozinhos, ou que residem em instituições de longa permanência. Problemas que vão desde a falta de recursos materiais até o comprometimento da saúde física e mental. O isolamento pode dificultar ainda mais o acesso a bens essenciais, como água potável e sabão, produtos de higiene pessoal e do ambiente domiciliar, alimentos, serviços de saúde e medicações de uso contínuo que podem agravar condições crônicas de saúde. Por sua vez, os problemas de saúde mental incluem aqueles decorrentes do isolamento e distanciamento de seus familiares e da rede social e de apoio que inclui amigos e conhecidos e até do medo de se contaminarem por uma doença ainda pouco conhecida e muito ameaçadora para os idosos. Além disso, diversas formas de violência doméstica, tais como, violência psicológica, física, sexual, negligência, abandono, financeira, dentre outras, podem acontecer em razão da convivência forçada e sem possibilidade de respiro nem por parte da pessoa idosa nem dos seus próximos. A violência que atinge os idosos no ambiente familiar, frequentemente é sofrida em silêncio e encoberta pelas relações de proximidade entre a vítima e o autor da agressão. Além disso, os sentimentos de insegurança, medo de retaliações e abandono, assim como a dependência mútua entre o idoso e a família/cuidadores podem agravar ainda mais as situações. De acordo com o modelo ecológico proposto pela OMS, as violências contra a pessoa idosa decorrem de um desequilíbrio entre fatores protetores e fatores de risco sociais, comunitários, relacionais e individuais, que interagem.
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