Quando nossos ante-passados pré-históricos “desceram das árvores” e adquiriram habilidades que lhes permitiram conquistar o domínio sobre todas as outras espécies, uma das mais importantes destas habilidades foi a especialização das nossas mãos para atividades que nenhum outro animal consegue executa
O polegar em oponência aos demais dedos, a sensibilidade acurada e os movimentos precisos de nossos dedos deram ao nosso cérebro a ferramenta perfeita que o homem precisava para acender o fogo, afiar lâminas, criar utensílios, caçar, e chegando aos tempos modernos sendo capazes de operar máquinas, computadores, pintar quadros, realizar cirurgias delicadas, tocar instrumentos musicais com perfeição, enfim, uma gama de atividade que faz das nossas mãos uma ferramenta sem as quais dificilmente viveríamos. Usamos as nossas mãos para executar nossas tarefas do dia-a-dia, para nos comunicar, para dar conforto e carinho a outras pessoas, para nos defendermos em uma queda ou diante de um objeto arremessado contra nós, para nossa higiene, para nos coçarmos, enfim para tanta coisa que só alguém privado do uso de suas mãos por algum motivo pode relatar o transtorno que sofre por isso. Tamanha complexidade funcional fez com que o tratamento das doenças das mãos tenha se tornado uma das mais antigas e necessárias subespecialidades da medicina. Durante a 2ª guerra mundial, diante das necessidades e do estímulo pelo desenvolvimento de novas técnicas e conhecimento médico de tratamento de traumas da mão, surgiu nos EUA a especialidade de cirurgia da mão. Hoje, no Brasil, temos um cenário não muito diferente do resto do mundo, onde quase metade dos atendimentos de trauma em um pronto-socorro envolvem traumas nas mãos: fraturas, contusões, cortes, queimaduras, etc. Afinal de contas, usamos as mãos para quase tudo e o tempo todo, expondo-a aos riscos de ferimentos e doenças diversas.
CIRURGIA DE MÃO
Exercida, na maioria das vezes, por ortopedistas e algumas vezes por cirurgiões plásticos, a especialidade de cirurgia da mão trata de uma grande quantidade de doenças e sequelas de traumas que, dada a sua complexidade, exige uma formação técnica especializada que vai além da que é oferecida regularmente nos cursos de medicina. O cirurgião de mão é o profissional médico que além dos 6 anos do curso de graduação, passa por 3 anos de especialização em ortopedia e traumatologia (Residência médica) e por mais 2 anos na subespecialidade de cirurgia de mão. Somente assim poderá adquirir expertise suficiente capaz de habilitá-lo a tratar o universo de condições que atingem com frequência os 27 ossos e mais uma infinidade de nervos, tendões e artérias que formam nossas mãos.
FISIOTERAPEUTA É UM IMPORTANTE ALIADO
Com frequência o tratamento das doenças das mãos se complementa com o auxílio do fisioterapeuta ou terapeuta ocupacional. Estes profissionais intervêm na recuperação das doenças de mão, com medidas para reabilitação de movimentos, alívio da dor e edema, treinamento para atividades da vida diária e até na confecção e adaptação de órteses e próteses. Sem um bom fisioterapeuta ou terapeuta de mão, o trabalho do cirurgião de mão fica prejudicado em muitos casos. Por isso, esses profissionais muitas vezes se especializam em reabilitação de mãos, e são de suma importância na recuperação dos pacientes.
DESAFIOS FUTUROS
Diante da complexidade das funções e das doenças ou traumas das mãos, a medicina tem evoluído bastante no sentido de proporcionar tratamento para condições que as afetam. Atualmente a taxa de sucesso em reimplante de dedos, a adaptação a próteses, tipos de curativos biológicos e até a robótica tem trazido esperança para tratamentos de condições que até há pouco tempo não existiam. Todavia, a prevenção segue sendo a medida mais importante para que as doenças das mãos não representem um problema social, causando frequentemente incapacidades temporárias ou definitivas ao trabalhador no auge de sua produtividade. Assim, muito cuidado devemos ter no manuseio de ferramentas, máquinas, fogos de artifícios, prática esportiva, utensílios domésticos, etc. Somente o uso adequado de EPIs, evitar excesso de carga ou repetição nas atividades em casa ou no trabalho, o devido cuidado e atenção com as nossas crianças entre outras medidas, vai reduzir a enorme incidência de doenças nas mãos em nosso meio.
DOENÇAS NAS MÃOS SÃO PREVALENTES
Muitas pessoas já experimentaram, principalmente, mulheres grávidas e trabalhadores manuais, a sensação de dores nas mãos, dormências, fraquezas, etc. Tais condições, nem sempre consideradas patológicas, são comuns e trazem preocupações aos portadores. As atividades repetitivas, alterações hormonais, práticas esportivas dentre outras, podem trazer condições desconfortáveis e por vezes dolorosas nas mãos, que exigem uma abordagem adequada visando prevenir agravamentos ou a instalação de doenças crônicas. Dentre tais condições, as mais comuns são:
TENDINITES: Os tendões que movimentam as pequenas articulações de nossas mãos podem sofrer com o uso excessivo ou devido a condições intrínsecas tais como fatores hormonais ou doenças reumáticas, e com isso se instalam os processos inflamatórios conhecidos como tendinites. As tendinites são uma resposta dos nossos tendões a algo que lhes prejudica, e a dor exige de nós o repouso suficiente para que aquele tendão se restabeleça. Algumas tendinites demandam cirurgia, para que algum fator nocivo, como compressão ou inflamação seja tratado, visando a cura.
DOENÇA DE DUPUYTREN:
Pouco conhecida por este nome, embora mais frequente do que parece, a doença de Dupuytren (que traz o nome do médico de Napoleão que a descreveu no século XIX) é uma contratura fixa da mão em flexão que aparece geralmente após os 40 anos, tem fatores genéticos e pode variar desde pequenos nódulos até faixas muito espessas que tracionam os dedos em direção a palma da mão. Tem tratamento cirúrgico
NÓDULOS OU CISTOS SINOVIAIS:
Surgem mais frequentemente no dorso do punho, algumas vezes dolorosos, e que causam desconforto estético.
Dedo em gatilho: Muito comum na meia idade, quase sempre surge decorrente de esforços com compressão da palma da mão. O tendão flexor do dedo se espessa e sofre um pequeno bloqueio de seu movimento dentro do ligamento que o cobre na palma da mão. Ao fletir o dedo, muitas vezes o mesmo “trava”, e o paciente necessita de ajuda da outra mão para estendê-lo ou provocar uma extensão abrupta com esforço, daí o nome “gatilho”
Além dessas condições comuns, é preciso destacar a frequência com que fraturas mal diagnosticadas ou mal tratadas trazem sequelas graves para as mãos. A fratura do osso escafóide é frequentemente associada a condições incapacitantes e de difícil tratamento. Este osso, que fica na articulação do punho, tem características próprias que fazem dele um osso fácil de fraturar e difícil de “colar”, e muitas vezes o paciente só procura atendimento quando já não há muito o que fazer. Por isso, todo trauma de mão deve ser bem e precocemente avaliado nos serviços de pronto-atendimento.
SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO:
A compressão de um dos principais nervos da mão ao nível do punho, provocada principalmente pela intensa atividade ma-nual como as realizadas por costureiras, faxineiras, cozinheiras, manicures, mecânicos ou eletricistas levam com frequência ao formigamento em parte da mão, que costuma tirar o sono dos portadores da chamada síndrome do túnel do carpo. O túnel do carpo é um túnel existente em nossas mãos formado por ossos e ligamentos e dentro do qual passam 9 tendões e o nervo mediano. Qualquer processo que aumente a pressão dentro desse túnel encontrará no nervo a estrutura mais sensível, o que causará a dor e a dormência. Com frequência o tratamento exigirá uma simples cirurgia, trazendo grande alívio e conforto ao paciente.
CONTATO
Dr. Marco Antônio Fabrini CRMG 26121
ORTOPEDIA E CIRURGIA DE MÃO (31) 3531-2624 | 99123-7030
ORTOMED Av. Governador Valadares, 296- Cj. 201 - Centro - Betim
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