PAPO DE CONSULTÓRIO
O psicólogo clínico é o profissional que trata do sujeito em sofrimento psíquico, as chamadas “dores da alma”. Sua formação permite uma escuta qualificada e diferenciada que lhe dará suporte na compreensão dos conflitos internos, dos sintomas emocionais, dos desejos e das escolhas do seu paciente. Ele faz isso embasado em sua teoria e prática e em estudos de tudo aquilo que se relaciona com o “humano”. Sem emitir juízo de valor, o psicólogo escuta e contribui para que a palavra tenha um lugar valorizado na sociedade.
Dra. Kátia de Freitas Torres Tristão
CRP 04/42202
Psicóloga Clínica, Especialista em Saúde Mental Infanto-Juvenil, com ênfase em Saúde Pública
SUA SAÚDE - Vamos explicar melhor o trabalho do psicólogo clínico?
Dra. Kátia - A Psicologia Clínica trata de questões relativas ao sofrimento humano. Se ocupa dos transtornos mentais e suas manifestações psíquicas. Atende o outro em sua singularidade, ouvindo, intervindo e apontando caminhos. O psicólogo é aquele que possibilita um melhor posicionamento do sujeito diante das demandas da vida.
SUA SAÚDE - Qual é seu referencial teórico e o que um analista pode oferecer às pessoas que o procuram?
Dra. Kátia - Me baseio pela teoria da Psicanálise e, em primeiro lugar, oferecemos alívio para o sofrimento. A terapia clínica propõe uma mudança na posição do sujeito frente a seus desejos e limites. Quando o sujeito conhece um pouco mais sobre si, pode então pensar em mudanças.
SUA SAÚDE - Quem são, de fato, os pacientes de um psicólogo clínico?
Dra. Kátia - Desde a primeira infância à velhice. Mas minha especialidade é a criança e o adolescente.
SUA SAÚDE - Que tipos de tratamentos um psicólogo clínico pode fazer, indo além da psicoterapia?
Dra. Kátia - Podemos atuar em diversos contextos clínicos, organizacionais, jurídicos, institucionais e educacionais. No sentido da promoção da saúde e na prevenção e compreensão de desvios comportamentais, ações sociais e vulnerabilidades.
SUA SAÚDE - O psicólogo clínico é chamado de médico da alma. Qual diferença entre este profissional e o psiquiatra?
Dra. Kátia - O psicólogo trata da causa e o psiquiatra do sintoma. A primeira diferença se refere a formação acadêmica entre os profissionais. Além disso, o psiquiatra trata de questões da identificação e classificação das desordens mentais do paciente, para diagnosticar, e assim, propor o tratamento medicamentoso. O psicólogo por meio da escuta e observação clínica, após suas entrevistas preliminares, irá estabelecer uma HD (hipótese diagnóstica), para direcionar o tratamento através da fala e de intervenções, quando for o caso. No entanto, há casos, em que são profissionais complementares, a julgar pela avaliação de ambos. O nome “médico da alma” refere-se àquele que trata do sofrimento mental, para além daquilo que se apresenta nos exames físicos.
SUA SAÚDE - Seu foco é o público mais jovem (um público infanto-juvenil). Por que o jovem hoje tem tido tantos transtornos mentais?
Dra. Kátia - Sempre houve transtornos mentais. Talvez hoje eles estejam mais em evidência, até pelo contexto que vivenciamos. Atualmente temos apresentado aos nossos jovens uma sociedade caracterizada como desreguladora e globalizada, alicerçada no mercado de consumo, na ciência técnica e no foco no indivíduo. A adolescência atual é fruto da revolução tecnológica, estes formam a geração do “tudo-ao-mesmo-tempo-e-agora”. São os reis da era digital, num “carpe diem” contestador, plugados ao mundo. Hoje, se movem em redes, não mais se dividindo em tribos, o que os faz menos preconceituosos com as diferenças. O que nos preocupa nessa geração é que eles são concretos em relação a dinheiro e trabalho, mas impessoais e virtuais nas relações que deveriam ser reais. Os transtornos mentais surgidos na adolescência hoje são apenas o sintoma daquilo que vai mal na sociedade em que estão inseridos.
ENTRE NÓS
Família: União de pessoas na construção de laços afetivos.
Redes sociais: Modo instigante de nos conectar ao mundo.
Como vê a psicologia hoje: Ciência que estuda o ser humano em sua mais complexa faceta.
Um conselho: Não tenha certezas absolutas, experimente.
Viver saudável: Dê lugar a sua palavra.
O paciente: Mistério a ser estudado.
CONSOLAÇÃO RESENDE
Mestre em Comunicação Social, Jornalista e professora de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira e Portuguesa
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