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Foto do escritorConsolacao Resende

Apenas 3% das bonecas vendidas são negras, aponta levantamento

Estudo realizado pela ONG que promove a campanha ‘Cadê nossa Boneca’

monitorou fabricantes de brinquedos e lojas virtuais do País.


No segundo semestre do ano passado, um estudo

promovido pela ONG Avante – Educação e Mobilização

Social, de Salvador (BA) mostrou que de um

total de 1.945 modelos de bonecas encontradas nos

sites dos maiores fabricantes de brinquedos do Brasil,

apenas 131 eram negras. Tal fato gerou a campanha

“Cadê Nossa Boneca?”, com o objetivo de conscientizar

a sociedade e a indústria de brinquedos para

a importância da representatividade de todas as raças

na infância. Já a artista chamada Kaye Wiggs criou

bonecas negras para empoderar essa etnia linda, além

disso, o extremo realismo e melancolismo expresso nas

mesmas.

A pesquisa analisou a presença de bonecas negras

no comércio online brasileiro. Dividida em duas

etapas, o estudo se baseou, primeiro, na consulta de

31 principais empresas fabricantes

do setor. Dessas, apenas 16 possuem bonecas

negras no seu portfólio, e dos que fabricam bonecas

negras, a proporção em relação a bonecas brancas é

bem reduzida. O fabricante com maior número de

bonecas negras foi o Milk, que apresenta em seu site

72 modelos, entre 475 que fabrica. Já os que registram

maiores porcentagens foram Miele, com 25% dos

modelos em bonecas negra, seguido por Sideral, com

23%, e Milk, com 15%.

A segunda etapa do estudo consistiu em levantar,

dentre os principais revendedores online de brinquedos,

a quantidade de bonecas negras disponíveis para

compra. Foram analisados três sites de e-commerce:

Americanas.com, Walmart. com e Ri Happy; e a proporção

tende a ser ainda menor. Em média, não

mais que 3% das bonecas disponíveis para compra

são negras. A pior situação foi identificada no site das

Americanas.com, em que do total de 3.030 bonecas à

venda apenas 18 eram negras, representando apenas

0,6%. No site da Ri Happy, das 632 bonecas comercializadas

online, apenas 17 modelos eram de negras,

enquanto no e-commerce do Walmart a proporção

era de apenas 20 entre 835 do total.

”Moramos em um país em que, segundo dados

do IBGE, negros e pardos representam 53,6% da população

brasileira. Ainda assim, nota-se a grande prevalência

de bonecas brancas nos portfólios dos fabricantes.

Em média, a proporção das mesmas em relação às

bonecas negras é de 95%”, analisa Ana Marcilio, coordenadora

da campanha e de projetos da Avante.

Ainda segundo a coordenadora, o estudo traz um

importante alerta para toda a sociedade. Com a aproximação

do dia das crianças, em que a compra de brinquedos

tende a aumentar, as lojas não estão preparadas

para oferecer produtos que representem as crianças

brasileiras. ”A representatividade na infância, é algo

muito importante para a formação da criança”, comenta Ana.

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