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Paciente de Alzheimer precisa de carinho

Foto do escritor: Consolacao ResendeConsolacao Resende

A cada minuto, 15 casos de pacientes com Mal de

Alzheimer surgem no mundo, de acordo com dados a

Organização Mundial de Saúde (OMS).


A enfermidade, que compromete as

atividades neuronais, fazendo com que o

paciente perca as funções de comunicação

e memória, não afeta apenas o portador da

doença. A família também é atingida e precisa

estar unida e consciente de seu papel no

tratamento do doente. Todos precisam estar

preparados para frustrações e perdas trazidas

pela doença de Alzheimer.

Um estudo da Universidade de Iowa

(EUA), publicado na Proceedings Of The

National Academy Of Sciences, mostra a

importância do carinho e afeto ao paciente

doente. Segundo o autor do estudo, Feinstein,

muitas vezes, os membros da família e os

amigos mais próximos se perguntam se vale

a pena fazer uma visita ou dar um telefonema

para uma pessoa próxima com demência, pois

o teor da conversa é esquecido rapidamente.

O que o pesquisador descobriu é que a

lembrança da visita é apagada da mente, mas

os sentimentos “bons e quentes” provocados

pela visita fazem o portador de Alzheimer

sentir que vale a pena viver.

Para chegar a tal conclusão, Feinstein e

sua equipe estudaram as reações de cinco

pacientes neurológicos com danos no

hipocampo, uma parte do cérebro crítica para

a transferência de memórias de curto prazo

para longo prazo. Danos no hipocampo

provocam um tipo de amnésia que é

frequentemente um sinal inicial de Alzheimer

e pode ser também resultado de um acidente

vascular cerebral ou de epilepsia.

Os pacientes foram expostos a clipes de 20

minutos de filmes, intensamente emocionais:

alguns felizes, outros tristes. Ao assistirem às

cenas, os pacientes demonstraram emoções

apropriadas e condizentes com o que estavam

vendo, assim, ora havia risos, ora lágrimas.

Embora os participantes do estudo logo

tivessem esquecido o que tinham visto, as

perguntas sobre seus sentimentos revelaram

que as emoções provocadas pelos clipes

ficaram retidas por muito mais tempo.

Segundo Justin Feinstein, muitas vezes,

a negligência afetiva do cuidador e dos

familiares pode deixar o paciente triste,

frustrado e solitário, mesmo que ele não saiba

exatamente o porquê.


UM EXEMPLO DE AMOR


Antes de se acometida pelo Alzheimer,

EditheGonzaga dos Reis, de 84 anos, há seis anos

diagnosticada com a doença, era uma senhora muito

ativa. De acordo com a filha, a gastrônoma Silvana

Miriam dos Reis, de 47 anos, a mãe era perfumada, bem

cuidada, amava sombrinhas (tinha até uma coleção),

sendo “impecável”.

Edith se dedicou ao marido e aos 12 filhos, até o dia

em que ficou viúva. “O amor dos meus pais era algo

lindo”, conta Silvana. A mãe tinha um relacionamento

maravilhoso com a filha caçula e chegava a dizer que se

algum dia ela tivesse que ficar sob os cuidados dos filhos,

queria que fosse Silvana. As duas se falavam diariamente

por telefone. “Eu chegava na casa de mamãe e lá íamos

pra cama, onde nos deitávamos uma de frente pra

outra e ficamos horas e horas conversando. Ficávamos

segurando a mão uma da outra”, revela. O verbo usado

para a conversa era “trovar”.

Quando a mãe foi diagnosticada com Alzheimer, a

doença veio com força total. “Depois de passar mal,

minha mãe ficou internada uma semana e ao voltar

para casa, não mais andou e nem falou”, conta Silvana.

Antes, a mãe ficava 15 dias com Silvana e 15 dias na

própria casa. A parte médica estava em dia, Edith tinha

uma geriatra, quem descobriu a doença, a pedido de

Silvana, por meio de uma carta à profissional.

Neste momento, começa o calvário para cuidar da

idosa, pois a doença trouxe brigas familiares. Quatro

irmãs ficaram na casa da mãe e, juntamente, com uma

cuidadora, cuidavam da mãe, que logo desaprendeu a

digestão, sendo necessário uma sonda de gastrostomia.

Silvana, que mora em Betim, ia todas os domingos

visitar a mãe e não se conformava com a situação. A mãe

tinha os braços amarrados para não tirar a gastrostomia.

Já não falava e, às vezes, gritava e chorava, e dormia

muito.

A gastrônoma mostrava sua insatisfação para irmãs

que diziam “você fala isto é por que não é quem cuida

dela”. Certo dia, Silvana recebeu telefonema das irmãs

que diziam que a mãe só chorava. Foi então, em outubro

do ano passado, que a gastrônoma ligou para o marido

dizendo que iria buscar a mãe para a casa do casal e

ele respondeu: “Você quer que eu busque ela agora?”.

Estava selado a ida de Edite para casa de Silvana.

A gastrônoma procurou uma cuidadora, pois

tem uma rotina de trabalho desgastante, fazendo e

entregando comida low carb. “Encontrei Anísia, um

anjo que me ajudar a cuidar de mãe”, diz.

Desde, então, Edite mudou seu comportamento, ela

não fica mais amarrada, ri, bate palmas, beija a filha com

estalos ... “Minha casa ganhou alegria”, revela Silvana.

“Meu filho sai do quarto quase todas as noites

para dormir ao lado da avó, pois acredita que precisa

aproveitar a presença dela”. Quanto às irmãs, não

visitam a mãe...

 
 
 

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