Médico informa quais são os cuidados necessários no combate ao Covid-19.
Por isto, para falar sobre o Covid-19, o jornal SUA SAÚDE entrevista o infectologista dr. Leandro Mazzocco, que trabalha no Hospital Eduardo de Menezes e também no Hospital Regional de Betim. Ele fala sobre o Covid-19 e quais as recomendações atuais para se evitar o contágio.
SUA SAÚDE: Quando o Covid-19 foi descoberto? Dr. Leandro: Existem outros tipos de Coronavírus que também causam doenças respiratórias e gastrointestinais, mas o COVID-19, responsável pela atual pandemia, foi identificado pela primeira vez em dezembro de 2019 na cidade de Wuhan, na China, em pacientes com histórico comum de terem frequentado um grande mercado local. Após isso, propagou-se para outros lugares do globo, como por exemplo, Europa, Estados Unidos, Brasil.
SUA SAÚDE: Como se transmite e quais são os sintomas? Quando o paciente deve procurar o Sistema de Saúde? Dr. Leandro: A transmissão ocorre de uma pessoa doente para outra por contato próximo, geralmente por meio de secreções respiratórias: gotículas de saliva, tosse, espirro, de forma direta ou indireta, via aperto de mãos, objetos ou superfícies contaminadas. Os principais sintomas são compatíveis com quadro gripal, incluindo tosse, febre, dificuldade para respirar, mas pode aparecer também cansaço, dores no corpo, mal estar, coriza, dor de garganta, dor de cabeça, e ocasionalmente, diarreia. Grande parte dos pacientes cursa com sintomas leves, mas para aqueles que apresentarem sintomas mais intensos (prostração, falta de ar, cansaço importante, dor no peito para respirar, por exemplo), devem procurar serviços de saúde.
SUA SAÚDE: Quem são os grupos mais suscetíveis à contaminação e às complicações? Dr. Leandro: Consideramos de modo geral, pessoas acima dos 60 anos, portadores de doenças crônicas como diabetes e doenças cardiovasculares, imunossuprimidos (por exemplo, pacientes que realizam quimioterapia, ou que utilizam medicação para doença reumatológica).
SUA SAÚDE: Como uma pessoa pode, neste momento, melhorar o sistema imunológico? Dr. Leandro: É muito importante manter hábitos de vida saudáveis, alimentar-se com qualidade, hidratar, ter uma boa noite de sono, cessar tabagismo, evitar uso excessivo de álcool. É muito importante realizar exercícios físicos regularmente, porém neste momento que vivemos, o ideal é buscar uma modalidade que seja possível realizar de forma segura em casa.
SUA SAÚDE: Fala-se muito que o vírus teria alta infectividade, mas uma relativa baixa mortalidade (em torno de 2%), inferior à verificada em outros surtos recentes como o Ebola, por exemplo. Mas o que se tem verificado é uma intensa preocupação e mobilização da mídia e de toda a sociedade em torno do assunto. O senhor acha que se justifica ou talvez haja um alarde excessivo? Dr. Leandro: Embora a taxa de mortalidade seja em torno de 2%, à medida que se aumenta o número absoluto de casos, observamos mais pacientes graves e óbitos. A preocupação existe e é legítima, por isso que os serviços de saúde estão se preparando para o enfrentamento da doença, e por isso também que insistimos tanto na quarentena, para barrarmos a cadeia de transmissão do vírus.
SUA SAÚDE: Explique para o leitor “Sua saúde” a diferença entre isolamento vertical e isolamento horizontal. Dr. Leandro: O Isolamento vertical se trata do isolamento daqueles que têm mais risco de evoluírem para forma grave da doença e óbito, já citados acima. O isolamento horizontal abrange toda a população, com a recomendação de fechamento de escolas, comércios, eventos, por exemplo. No caso do Coronavírus, o isolamento horizontal é a melhor medida.
SUA SAÚDE: Quais seriam as suas recomendações sobre prevenção? Dr. Leandro: Procurar manter o isolamento social, saindo de casa apenas se muito necessário. Manter a casa sempre bem ventilada. Lavar as mãos com frequência, higienizar com álcool em gel 70%. Lembrar-se de cobrir o nariz e a boca com lenço ou braço ao tossir ou espirrar. Evitar tocar olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
Se apresentar sintomas respiratórios, evite contato com outras pessoas.
SUA SAÚDE: Temos notícia de que uma paciente em Belo Horizonte ficou curada de um quadro de Coronavírus grave com uso de Cloroquina. Este remédio pode ser usado em casos leves e / ou mesmo como prevenção ao COVID-19? Dr. Leandro: A cloroquina e a hidroxicloroquina são medicamentos utilizados para tratamento de malária e doenças autoimunes. Existem estudos em andamento com estas drogas para tratamento de COVID-19, alguns com resultados preliminares positivos, porém até o momento, segundo a ANVISA, é necessário aguardar a conclusão destes trabalhos científicos, para verificar a efetividade e segurança do seu uso. Não há recomendação para o uso em casos leves ou profilaxia, e alguns serviços estão em protocolo de pesquisa em casos graves da doença.
SUA SAÚDE: O senhor teria alguma mensagem ou recomendação final?
Dr. Leandro: Se cada um fizer a sua parte, conseguiremos vencer esta pandemia!
E não se esqueçam de vacinar contra a Influenza, vírus que também causa doença respiratória e não deve ser esquecido.
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