Segundo o tratado de Dermatologia de Sampaio e Rivitti, 3ª edição, São Paulo, a palavra pênfigo (do grego = bolha) foi inicialmente usada para designar doenças bolhosas. Atualmente, refere-se a um grupo de doenças com comprometimento da pele e, às vezes, de mucosa, que tem como característica comum a presença de bolhas intra-epidérmicas cheias de líquido. As formas clínicas mais comuns são o pênfigo vulgar e o foliáceo. Este último tem duas formas distintas: pênfigo foliáceo não endêmico, descrito pelo dermatologista francês Pierre Louis Cazenave, de ocorrência universal e que atinge pacientes mais idosos na quarta ou quinta idade de vida, e o pênfigo foliáceo endêmico. Este é o pênfigo brasileiro: tem ocorrência familiar, predomina em adultos jovens e crianças que vivem próximos a córregos e rios, mais em áreas rurais e em algumas tribos indígenas. É encontrado na América do Sul, principalmente no Brasil, nos estados de Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Minas Gerais, Paraná e São Paulo. Mais recentemente tem casos relatados no Amazonas, Rondônia e Acre. Com relação ao aparecimento da doença, são considerados fatores ambientais, genéticos e imunológicos. A respeito dos fatores ambientais os pacientes ou seus familiares vivem em más condições sociais, em habitações precárias junto a córregos, falta de higiene e grande quantidade de insetos. Estudos baseados em séries de muitos doentes indicaram a importância de fatores genéticos, sobretudo em casos de consanguinidade. Demonstrou-se também que os pênfigos são doenças auto-imunes. O diagnóstico é feito pelo exame clínico e confirmado através do exame citológico, histopatológico e provas imunológicas que detectam a presença de anticorpos. O tratamento, antes do advento dos corticoides, não existia. Cerca de 40% dos pacientes morriam nos dois primeiros anos. Outros 50% tinham uma evolução crônica, com períodos de acalmia e exacerbação. O pênfigo brasileiro é doença com formação de bolhas flácidas subcórneas, que se rompem com facilidade, deixando uma superfície erodida que logo se torna escamosa. A intensa descamação inspirou o termo pênfigo foliáceo. Com um comportamento diferente do pênfigo foliáceo de outros países, o brasileiro tem um caráter endêmico. Há marcada fotossensibilidade, de modo que a exposição ao sol (raios ultravioleta) agrava o quadro e provoca uma sensação de ardor ou queimação, como se a pele estivesse sob a ação do fogo, o que motivou a denominação de fogo selvagem (em inglês: wild fire). Não sabemos se essa denominação foi criada pelos pacientes penfigosos. A introdução dos corticoides no tratamento mudou completamente a evolução e o prognóstico da doença. Os pênfigos respondem rapidamente ao uso de corticoides com resultados excelentes.
*Texto baseado em fontes nacionais e no livro Analogias no Ensino Médico - Editora Coopmed - Belo Horizonte/MG.
ANALOGIA: PONTOS DE SEMELHANÇA ENTRE COISAS DIFERENTES; SIMILITUDE, PARECENÇA.
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