Deve-se a Araeteus (Séc. II d.C.), segundo historiadores, a denominação de diabetes baseado na grande eliminação de urina que a caracteriza: o líquido ingerido passa rapidamente através dos rins, sendo eliminado na urina. A palavra diabetes deriva do verbo grego que significa atravessar, passar pelas pernas, formado de dia, que significa através + baino, passar, em alusão à perda excessiva de urina na doença descompensada. O termo melito vem do latim, significando adoçado como mel. A doença engloba um grupo variado de afecções que tem em comum o aumento da glicose (açúcar) no sangue (hiperglicemia), que resulta de defeitos na secreção ou na ação da insulina. Esta é hormônio indispensável ao controle da glicose no nosso sangue, entre outras funções, sendo fabricada nas ilhotas de Langerhans no pâncreas (Fig. 1 e 2). O radical poli- é elemento de composição que denota multiplicidade (do grego, polys = muito, muitos). Trata-se de radical empregado em numerosos termos técnicos, principalmente na terminologia científica e presente em todas as línguas neolatinas. São numerosos os exemplos na área médica, como: poliarterite, policístico, polineuropatia, politraumatizado etc. Um ser humano adulto, em média, compõe-se de cerca de um quatrilhão de células (1015), derivadas de um único óvulo fertilizado (União Internacional Contra o Câncer, 8ª Ed. Fundação Oncocentro de São Paulo). Nota-se, na síndrome diabética, um comprometimento de vários órgãos. A sintomatologia é muito variada e ampla, pois todas as nossas células e tecidos sofrem em graus diversos, gerando manifestações múltiplas. Cogitamos, como segunda opção ou sinonímia, denominar o diabetes de Doença dos Polis. Em seguida, um cortejo muito resumido de sinais e sintomas observados na síndrome diabética: Poliúria = muita urina. Polidipsia = muita sede. Polifagia = muita fome. Poliangiopatia = muita lesão de pequenos e grandes vasos sanguíneos. Polineuropatia = muitas alterações nos nervos periféricos. Polinefropatia = muitas lesões renais nos glomérulos e vasos renais. Polioftalmopatia = muitas alterações na retina e no cristalino (catarata). Policardiopatia = ver abaixo. “Há algumas décadas, foi proposta a existência de uma entidade anátomo-clínica autônoma, a miocardiopatia diabética. Para os que defendem sua autonomia, trata-se de afecção de patogênese complexa, capaz de provocar disfunção ventricular predominantemente diastólica em significativa porcentagem de diabéticos assintomáticos. Com o passar do tempo, ocorre insuficiência cardíaca franca, independente da coexistência de aterosclerose coronariana obstrutiva ou hipertensão arterial. Em estudos experimentais e, mais raramente, em seres humanos, identificam-se à microscopia eletrônica, alterações em cardiócitos. Ao microscópio de luz, chama atenção a fibrose miocárdica intersticial e/ou perivascular.”
(Fonte: L.O.Savassi Rocha. Brasileiro, G. Bogliolo Patologia 9ª.Ed.).
*ANALOGIA: PONTOS DE SEMELHANÇA ENTRE COISAS DIFERENTES; SIMILITUDE, PARECENÇA.
PROF. DR. JOSÉ DE SOUZA ANDRADE FILHO**
**Patologista no Hospital Felício Rocho
**Membro da Academia Mineira de Medicina
**Professor de Patologia da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais.
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