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Dia do Médico: comemorar o quê?

  • Foto do escritor: Consolacao Resende
    Consolacao Resende
  • 1 de nov. de 2018
  • 2 min de leitura

Dia 18 de outubro é o Dia do Médico. Tal data, consagrada a São Lucas, o “amado médico”, segundo o apóstolo Paulo, deveria ser motivo de júbilo e festas para se comemorar o que seria uma das mais belas profissões. Mas, na atual conjuntura, com tantos desvarios e incompreensões, surge a inevitável pergunta: comemorar o quê? Vejamos:

─ comemorar os baixíssimos honorários pagos pelos planos de saúde e os salários aviltantes do poder público, obrigando o médico a ter três ou mais empregos, em longas jornadas, muitas vezes em extenuantes plantões, a fim de que possua condições mínimas para ter uma vida digna?

─ comemorar as péssimas condições de trabalho, com carência de medicamentos e de aparelhagem médica, exames laboratoriais e imagenológicos inexistentes ou racionados, ambiente físico de trabalho sofrível, quadro de paramédicos e auxiliares incompleto, além da pletora de pacientes ensejando um atendimento ineficiente e das mazelas consequentes imputadas exclusivamente ao médico?

─ comemorar a abertura de miríades de faculdades de medicina, que despejam no mercado de trabalho médicos aos borbotões com péssima formação, bem como a importação de profissionais estrangeiros, sem diplomação efetiva pela legislação vigente no país, onde a lei da oferta e da procura prevalece, transformando o médico em um reles assalariado e até sem plano de carreira e salários?

─ comemorar as patrulhas ideológicas, sempre em estado de vigília quanto à atuação e à conduta, imputando somente ao médico as péssimas condições de atendimento e, quando acontece qualquer inconformidade, inclusive administrativa e de gestão, tal fato ganha destaque nas páginas policiais da mídia, em reportagens sensacionalistas e alarmantes, sendo o profissional em foco devidamente crucificado, sem a mínima chance de defesa?

─ comemorar os ditames do Código de Ética Médica (CEM) e suas normas éticas, com 118 artigos de deveres e somente dez míseros de direitos, funcionado como uma espada de Dâmocles sobre a cabeça, quando o certo seria denominá-lo Código de Execução Médica (CEM)?

─ comemorar as limitações ao exercício da medicina pelos planos de saúde e pelo SUS, pelas inúmeras leis, portarias, normas, resoluções e regras restritivas, funcionando como um verdadeiro cipoal, sob a pena de demissão ou descredenciamento se não são cumpridas?

─ comemorar a participação nos caros congressos, nos seminários extensos e nos simpósios, as longas horas nas bibliotecas ou na internet para manter-se atualizado diante do vertiginoso progresso tecnológico da medicina a fim de minorar os males do paciente se tal fato não é devidamente valorizado na prática diária e não se reflete no exercício diário da profissão e na remuneração?

─ comemorar a luta pela vida de um paciente quando se tem consciência de que a morte é inevitável e ser responsabilizado por pretenso erro médico?

Mas, apesar de todas as incongruências da profissão, os médicos podem ter um consolo: Esculápio, na mitologia greco-romana, Deus da Medicina e da Cura, deve estar indignado e esbravejando contra tal situação com os demais deuses no monte Olimpo...



Dr. Eduardo Amaral Gomes

Escritor e médico

Causos de Betim


 
 
 

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