Apesar das informações, ainda morrem pessoas com câncer de mama por falta de diagnóstico precoce.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), vinculado ao Ministério da Saúde, o Brasil registrou 420 mil casos novos de câncer em 2019. Para falar sobre o assunto, o médico Charles Andreé Joseph de Pádua, oncologista clínico, (CRM 30464) é o entrevistado desta edição.
SUA SAÚDE: Qual a importância do Outubro Rosa? DR. CHARLES: O movimento Outubro Rosa tem como maior objetivo sensibilizar as mulheres a buscar conhecimento corporal, auxílio médico e realização de exames para detecção precoce do câncer de mama. Quando detectado precocemente as chances de curam aumenta significativamente. SUA SAÚDE: Um câncer de mama diagnosticado rapidamente tem grandes chances de cura. Diante disto, quais as recomendações que o senhor tem para o público feminino? DR. CHARLES: Conheçam o seu corpo! Façam periodicamente o autoexame, mas não deixem de comparecer às consultas médicas e fazer os exames de rastreamento indicados. O autoexame é importante, mas não substitui o exame médico e muito menos os exames de imagem.
SUA SAÚDE: Temos casos de mulheres com menos de 40 anos com câncer de mama. Então por que a mamografia não pode ser feita com menos idade? DR. CHARLES: Neste caso, a boa notícia é que o número de casos abaixo dos 40 anos é pequeno, logo, quando pensamos em aplicação de campanhas ou organização de programas de rastreamento em larga escala populacional devemos sempre atentar para o retorno que essas ações poderão oferecer. Mas os casos individuais, por exemplo, naquelas mulheres com Histórico Familiar de Câncer de Mama ou quando é sabidamente presente mutações genéticas que aumentam o risco da ocorrência de neoplasias, serão tratados de forma particular com exames em idade abaixo dos 40 anos e com intervalos entre eles menores, se necessário. SUA SAÚDE: Uma pergunta, que também é uma curiosidade: a diferença entre a mastologista e o oncologista? A mulher fez através do ginecologista o pedido da mamografia, ela descobre um tumor maligno. Ele encaminha para quem: mastologista ou oncologista, ou depende? DR. CHARLES: Na imensa maioria para os colegas da Mastologia, pois são eles quem atuam na fase inicial do diagnóstico e planejamento cirúrgico das pacientes. Porém, hoje temos uma interação multidisciplinar que atua no sentido de buscar as melhores alternativas terapêuticas para as pacientes. SUA SAÚDE: Quais os tratamentos existentes para o câncer de mama? DR. CHARLES: Basicamente são divididos em tratamentos cirúrgicos, tratamento sistêmico (quimioterapia, hormonioterapia, drogas alvos e imunoterapia) e radioterápico. SUA SAÚDE: Quando é recomendada a mastectomia? DR. CHARLES: A determinação de qual é o procedimento cirúrgico necessário para o tratamento do câncer de mama leva em consideração vários aspectos relacionados à biologia do tumor, ao tamanho do tumor, a relação do volume tumoral e o volume da mama, presença de alterações genéticas, desejo das pacientes, etc. SUA SAÚDE: É verdadeira a tese que diz que “existe predisposição genética para o câncer de mama”? DR. CHARLES: Sim. Mas apenas 5-10% de todos os cânceres têm relação com herança genética. Existem mutações genéticas, como o BRCA 1 e o BRCA2, que aumentam muito a chance das mulheres portadoras desse genes mutados a desenvolver cânceres de mama e dos ovários. SUA SAÚDE: Dê um recado para as leitoras do SUA SAÚDE. DR. CHARLES: Como disse inicialmente, conheçam seu corpo, compareçam às consultas médicas regularmente e façam sempre os exames solicitados. Somente assim teremos mais chances de enfrentar esse problema e vencê-lo!
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